A última vez que o Fed subiu a meta máxima para 2,5% foi em dezembro de 2018. A taxa ficou nesse nível até julho de 2019.
O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) anunciou nesta quarta-feira (27) um novo aumento de 0,75 ponto percentual da sua taxa de juros, elevando a meta máxima para 2,5% ao ano
Depois de uma alta também de 0,75 ponto percentual no mês passado e movimentos menores em maio e março, o Fed já elevou sua taxa básica em um total de 2,25 ponto neste ano.
A última vez que o Fed subiu a meta máxima para 2,5% foi em dezembro de 2018. A taxa ficou nesse nível até julho de 2019.
O foco do aperto ao crédito é combater a inflação nos Estados Unidos, que está na casa dos 9,1%, a maior em quatro décadas. Sinais de que a economia pode desacelerar ao ponto de conduzir o país a uma recessão, porém, levantam discussões sobre a calibragem da política monetária americana.
Até março deste ano, o alvo era uma taxa anual de, no máximo, 0,25%. A rápida aceleração dos últimos quatro meses representa uma das mudanças mais rápidas na política monetária dos EUA. Além disso, o Fed encerrou um programa bilionário de compra de ativos.
O presidente do banco central americano, Jerome Powell, disse que outro aumento "excepcionalmente grande" pode ser apropriado em sua próxima reunião, em setembro, se as pressões sobre os preços não tiverem diminuído suficientemente.
Os mercados futuros voltaram a apostas um pouco mais moderadas para aumento de juros na próxima reunião, conforme Powell falava.
"A inflação continua elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões mais amplas de preços", disse o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
O Fomc acrescentou que continua "altamente atento" aos riscos de inflação, ponto que Powell enfatizou em comentários feitos em entrevista após a reunião, considerando "essencial" reduzir a inflação.
Autoridades do Fed estão "extremamente cientes" das dificuldades que a inflação impõe às famílias norte-americanas, particularmente para aquelas com recursos limitados, disse Powell, e não vão ceder em seus esforços até que sejam apresentadas "evidências convincentes" de que os custos estão caindo.
Embora a geração de empregos tenha permanecido "robusta", na avaliação do Fed, as autoridades observaram no comunicado que "os indicadores recentes de gastos e produção suavizaram", um aceno para o fato de que os aumentos agressivos de juros implementados desde março estão começando a pesar.
Ainda assim, Powell insistiu que a economia ostenta força.
"Não acho que os EUA estejam atualmente em recessão", disse ele, citando o desemprego ainda próximo de uma mínima em cerca de meio século, sólido crescimento salarial e abertura de postos de trabalho. "Não faz sentido que os EUA estejam em recessão."
Ainda assim, reduzir a inflação para a meta "provavelmente envolverá um período de crescimento econômico abaixo da tendência e algum abrandamento das condições do mercado de trabalho, mas esses resultados são provavelmente necessários para restaurar a estabilidade de preços e preparar o cenário para alcançar pleno emprego e estabilidade preços a longo prazo".
Zerar os juros e comprar títulos foram medidas adotadas pela autoridade monetária para estimular a economia americana durante o período em que a pandemia de Covid-19 impunha mais restrições às atividades produtivas.
Desde o ano passado, com o avanço da vacinação permitindo a retomada da circulação de pessoas, o aquecimento do consumo associado a uma política de juros baixos vem fazendo a inflação disparar.
Mas embora tenha havido pouco progresso ainda na luta contra a inflação, sinais de estresse econômico estão se acumulando e aumentando a pressão sobre os membros do Fed, conforme eles avaliam o quanto a política monetária precisa ser apertada para diminuir os aumentos de preços em meio ao risco de que ir longe demais poderia desencadear uma recessão.
Mesmo antes da reunião política desta semana, o problema da inflação foi considerado tão grave que os investidores avaliaram haver uma chance em quatro de o Fed surpreender os mercados com um aumento maior de 1 ponto percentual.
Conforme o impacto do Fed na economia se torna mais aparente, a questão agora é se ele está correndo o risco de exagerar.
Parte do mercado de títulos dos EUA está sinalizando uma maior probabilidade de recessão, com os rendimentos em notas do Tesouro dos EUA de dois anos agora mais altos do que os de dez anos, um possível sinal de perda de confiança no crescimento econômico a curto prazo e refletindo uma possibilidade de o Fed ser forçado a cortar os juros dentro de um período de tempo relativamente curto.
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