Paciente morre em hospital público e família diz que recebeu corpo errado.

 Ocorrido no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Recife, caso de Amilton Gomes da Hora é alvo de apuração da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) e da Polícia Civil de Pernambuco.


A família de um aposentado que morreu no Hospital Getúlio Vargas (HGV), uma das maiores unidades públicas do Recife, denuncia que recebeu o corpo errado para fazer os funerais. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) informa que houve "troca de cadáveres” de pessoas que faleceram no mesmo dia.


A troca de corpos foi descoberta pela família de Amilton Gomes da Hora, de 67 anos. Após ficar internado no HGV por cerca de uma semana, ele morreu em decorrência de uma infecção generalizada, no sábado (23).


Segundo a enteada dele, a assistente administrativa Roberta Alves, a mãe dela, que viveu com Amilton durante nove anos, não teve permissão para liberar o corpo. Ela não tinha certidão de casamento nem documento formal que atestasse a união.


Foi a partir dessa dificuldade que teve início a confusão, segundo Roberta. “Ele morreu às 16h44 do sábado. A gente só soube de noite, por volta das 20h. No domingo (24), eu e a minha mãe, Sebastiana, fomos ao Serviço Social, por volta das 7h”, afirmou.


Depois, Roberta e a mãe foram até a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde Amilton tinha ficado internado. Confirmaram o óbito e souberam que era necessário ir ao necrotério do hospital.

Nesse momento, a família soube que só um parente de primeiro grau poderia fazer a liberação. Um funcionário, no entanto, disse que Roberta poderia tirar uma foto da Declaração de Óbito para poder registrar o Boletim de Ocorrência na polícia.

Amilton da Hora morreu no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp

Amilton da Hora morreu no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp

“Quando vi, tinha escrito no documento que o corpo era de uma pessoa branca. Seu Amilton não era branco. Achei estranho. Foram checar a identidade e só autorizaram a retirada do corpo na segunda (25), com um irmão dele”, afirmou Roberta.

Contratado pela família, o advogado Rosano Apolinário da Silva afirmou que, além de tudo isso, o corpo que foi entregue aos parentes de Amilton tinha características bem diferentes das que ele apresentava.

“O corpo que entregaram tinha as duas pernas e seu Amilton tinha sofrido uma amputação de um membro inferior”, observou.

Declaração de Óbito de Amilton da Hora — Foto: Reprodução/WhatsApp

Declaração de Óbito de Amilton da Hora — Foto: Reprodução/WhatsApp

O advogado disse que a suspeita é de que o corpo de Amilton tenha sido levado para Sanharó, no Agreste de Pernambuco.


"Houve um funeral e ninguém se manifestou sobre qualquer problema. A gente quer saber o que aconteceu, se houve a troca de cadáveres ou se o corpo de Amilton está perdido no hospital”, declarou.

O defensor disse, ainda, que entrou em contato com o governo e soube que o caso foi parar na Procuradoria-Geral do Estado (PGE).


“Vão ter que dar uma autorização judicial para fazer a exumação desse corpo que está no interior para saber se é Amilton”, comentou.


Para Roberta, o momento exige muita tranquilidade e de luta para saber o que aconteceu, de fato. “A gente quer Justiça”, declarou.


Roberta informou que o corpo do padrasto dela seguiu para o interior do estado, onde foi enterrado. “Vamos entrar com uma ação no Ministério público para tomar as providências”, declarou.


Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que “estava apurando os fatos que resultaram na troca dos corpos de dois pacientes atendidos no serviço e prestando assistência aos familiares dos pacientes”.


Ainda segundo o governo, “todas as informações estão sendo repassadas aos parentes”. A unidade de saúde, disse o estado, “acionou o setor jurídico para a adoção das medidas necessárias”.

No comunicado, a secretaria informou que as tarjetas de identificação dos pacientes foram colocadas corretamente e que todos os demais trâmites de identificação “foram seguidos adequadamente pela equipe do hospital”.

Na nota, o estado disse que as mortes de Amilton e do outro paciente, que não teve o nome divulgado, ocorreram no sábado.

Um dos corpos foi “reconhecido oficialmente por um familiar”, que realizou a liberação no mesmo dia. O segundo cadáver foi reconhecido na terça-feira. Essa informação foi contestada pela família de Amilton, que disse ter liberado o corpo um dia antes.

“A direção do HGV se solidariza com os familiares pelo ocorrido neste momento de dor e reforça que está em contato com os serviços envolvidos, assim como as autoridades judiciárias competentes, para a solução adequada”, acrescentou.

Também por meio de nota, a Polícia Civil afirmou que que registrou o caso, por meio da Delegacia do Cordeiro, na terça, como “outras ocorrências contra pessoa”.

No boletim de ocorrência consta que uma mulher de 58 anos, afirmou que o corpo apresentado como “liberado” pela unidade de saúde não era o de seu companheiro. “As investigações foram iniciadas e seguem até o total esclarecimento do fato”, disse a corporação.


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